
Numa noite já mais de Outono do que propriamente de verão, fui ao encontro do novo filme de Brian de Palma, em ante-estreia no Optimus Open Air. Tal como a temperatura, o filme acabaria apenas por ser uma tarde amena de setembro, que acaba com um frio que antecipa o Inverno.
O começo foi auspicioso, prometia mundos e fundos e entregava tudo aquilo a que se propunha, quer no trailer, quer na expectativa que qualquer filme de De Palma traz consigo. Um thriller noir, com personagens bem construídas e valorizadas pela sua profundidade e inter-relação. A narração, nos filmes deste estilo, são sempre um must have e o ritmo do filme parecia fluir com naturalidade e interesse.
O elenco revela algumas surpresas: Josh Hartnett pela sua entrega e, por outro lado, Hillary Swank pela sua sensualidade até agora escondida por papéis mais másculos. Mas, a grande interpretação do filme é, sem qualquer dúvida, Mia Kirshner como Elizabeth Short. O seu personagem é comovente, intenso, frágil, chocante, doce, em suma, um dos melhores desempenhos do ano, ainda que com pouco tempo em cena.
À medida que o filme se aproxima do fim, tudo descamba um pouco. Demasiada informação despejada, demasiados nomes impossíveis de associar às personagens, demasiadas pontas soltas. Tudo em demasia, quando se esperava um final subtil, com a classe que até aí o filme apresentava. Chega a ser irritante um desfecho em que o principal criminoso é alguém que até então nem sequer sabiamos que existia. Se não fosse o final abrupto, The Black Dahlia tinha tudo para ser um dos melhores do ano. Especialmente pela exímia realização de Brian de Palma.

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